1. BUM!!!

     Margô esticou os braços, sentiu os tendões alongarem-se e a sensação de bem estar vir logo em seguida: espreguiçava-se. Um bocejo sonoro escapou de sua boca e os olhos imediatamente pesaram. Estava morta de cansaço. Tudo o que precisava era dar mais 15 passos e capotar na cama.
     A meia-noite silenciosa não se parecia em nada com o dia tumultuado. Nada menos que 62 clientes procuraram o laboratório da doutora, quase um recorde de todos os tempos. Muita gente para atender fez com que a produção das encomendas do dia atrasasse – obrigando o pessoal a trabalhar até mais tarde.
     Sorondo mesmo ainda pegava no pesado, enxugando pratos na cozinha. Zé, Celeste, Beterraba, Baldo e Rimo haviam ido embora há pouco, esgotados. Margô era muito grata por ter uma equipe tão dedicada e apaixonada por sua ciência pouco convencional.
     Agora mesmo, sentada na cama, ela fazia uma oração aos seus deuses preferidos para agradecer o empenho de todos. Pagar direitinho as horas-extras era pouco para retribuir aqueles seis guerreiros.
     A rotina era assim mesmo. Havia dias em que o laboratório era um sossego e o pessoal tinha tempo livre para papear, jogar baralho ou video-game. Em outros, contudo, não dava sequer para ir ao banheiro! Margô uma vez quase fez xixi nas calças de tanto aperto...
     Por isso, estava satisfeita e sentindo-se merecedora de uma bela noite de sono. No dia seguinte, logo cedo, havia uma série de coisas para resolver e ela não queria perder tempo. Que Morfeu chegue rápido, desejou a doutora.
     Entretanto, não era dia de Margô. Mal ela afundou os cachos ruivos no travesseiro, um barulho ensurdecedor rasgou o céu, bem acima do teto do quarto. Logo em seguida, um estrondo imenso sacudiu toda estrutura do casarão.
     Margô levantou em um pulo e abriu a sacada. Um objeto fumegante havia caído no meio de seu quintal, abrindo um buraco profundo no chão.

Um comentário: